As estimativas iniciais para o Orçamento da União em 2027 acenderam um alerta no governo federal. Segundo o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, divulgado nesta semana, faltará R$ 10,9 bilhões para garantir os investimentos mínimos em saúde e educação — áreas com financiamento obrigatório previsto na Constituição.
Esse rombo é consequência da combinação entre os limites do novo arcabouço fiscal, o retorno das regras constitucionais para os pisos de saúde e educação, e o impacto crescente dos precatórios.
Por que o rombo acontece?
As despesas discricionárias previstas para 2027 somam R$ 122,2 bilhões, dos quais R$ 56,5 bilhões estão reservados para emendas parlamentares — deixando apenas R$ 65,7 bilhões disponíveis. No entanto, esse valor não é suficiente para cobrir os mínimos constitucionais exigidos por lei.
Caso o cenário não mude, o governo não terá espaço para novos investimentos nem para manter a máquina pública funcionando dentro das regras fiscais vigentes.
Projeções para os próximos anos são ainda mais preocupantes
De acordo com o Ministério do Planejamento, a escassez de recursos em 2027 marca apenas o início de um ciclo de desequilíbrio orçamentário. Para 2028, a estimativa é de um déficit de R$ 87,3 bilhões. Já em 2029, o valor chega a R$ 154,2 bilhões.
Esses números indicam que o atual modelo fiscal, aprovado em 2023, pode precisar de ajustes significativos para acomodar despesas obrigatórias e manter a sustentabilidade das contas públicas.
O impacto dos precatórios
Outro fator que pressiona o orçamento é a volta da inclusão dos precatórios — dívidas judiciais que a União deve pagar — no teto de gastos a partir de 2027. No ano anterior, essa despesa estava fora das metas fiscais por decisão do STF. No entanto, a partir de 2027, os R$ 115 bilhões estimados em precatórios entram de vez na conta, reduzindo ainda mais a margem para gastos livres.
Mudanças à vista
Diante desse cenário, o governo admite a necessidade de rever gastos obrigatórios, ampliar receitas e flexibilizar alocações orçamentárias rígidas. O objetivo é garantir recursos para áreas estratégicas e manter a responsabilidade fiscal no médio prazo.