Os salários de prefeitos em pequenas cidades do Brasil estão gerando polêmica. Enquanto municípios com menos de 7.000 habitantes enfrentam dificuldades financeiras, seus gestores chegam a ganhar até R$ 25 mil por mês, superando os vencimentos de prefeitos de cidades muito maiores.
Salários Elevados em Cidades Pequenas
Um levantamento revelou que diversos prefeitos de cidades pequenas, espalhadas por todo o país, fixaram seus próprios salários em valores que pressionam os cofres públicos. Em municípios onde a arrecadação própria é mínima e a maior parte da receita vem de transferências estaduais e federais, esses salários elevados geram críticas e levantam questionamentos sobre a gestão dos recursos.
Em Ingazeira (PE), com menos de 5.000 habitantes, o prefeito Luciano Torres (PSB) recebe R$ 20 mil por mês, enquanto o vice ganha R$ 10 mil. A cidade depende quase totalmente de recursos externos, já que arrecada apenas R$ 3,4 milhões anualmente, mas gasta R$ 2,7 milhões por ano apenas com sua estrutura administrativa.
Pequenas Cidades, Grandes Salários
Outros municípios seguem o mesmo padrão. Em São José do Seridó (RN), com 4.716 habitantes, o prefeito recebe R$ 25 mil mensais. Em Porto Rico (PR), onde vivem pouco mais de 3.300 pessoas, o prefeito ganha R$ 24.500. Para efeito de comparação, a prefeita de Bauru (SP), cidade com quase 400 mil habitantes, recebe R$ 24.849,33.
A falta de um teto salarial para prefeitos permite que cidades pequenas tenham gestores com remuneração superior à de municípios muito maiores. Já os vereadores são limitados pela Constituição e ganham proporcionalmente menos.
Impacto nos Serviços Públicos
Enquanto os salários dos prefeitos sobem, muitos desses municípios enfrentam problemas estruturais. Em Lafaiete Coutinho (BA), que depende 94% de transferências externas, o esgoto não é tratado. Em Rio Crespo (RO), que paga R$ 18.954,50 ao prefeito, o município tem um dos piores índices de mortalidade infantil do estado.
Especialistas defendem a criação de um teto para os salários de prefeitos, semelhante ao que já existe para vereadores, para evitar distorções. No entanto, mudanças na legislação enfrentam resistência.
O Que Pode Mudar?
Atualmente, os gastos com pessoal nos municípios são limitados a 60% da receita corrente líquida, mas não há uma regulamentação específica para os salários dos prefeitos. O debate sobre a criação de limites mais rígidos continua, mas ainda sem perspectivas de mudanças concretas.
Essa realidade levanta uma questão: até que ponto é justo que pequenos municípios paguem salários tão elevados para seus prefeitos enquanto enfrentam dificuldades em serviços essenciais?