Uma pesquisa recente da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou a presença de cocaína e outros contaminantes emergentes na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. O estudo, publicado em 1º de fevereiro de 2025 na revista Science of the Total Environment, identificou substâncias como anti-inflamatórios, antibóticos, antidepressivos, sedativos e cafeína na região.
Contaminantes Emergentes e Impacto Ambiental
A pesquisa, liderada pela professora Silvani Verruck, encontrou 35 contaminantes emergentes na área. Segundo Verruck, algumas dessas substâncias, como os antibóticos, podem afetar significativamente a fauna e a flora locais.
“Os peixes e siris estão sendo expostos continuamente a esses contaminantes, o que pode levar a impactos ecológicos graves”, explicou a pesquisadora.
Os poluentes detectados podem ter origem em cosméticos, produtos de higiene pessoal e medicamentos, chegando à água através do esgoto não tratado e descarte inadequado.
Presença de Cocaína na Lagoa da Conceição
O estudo apontou que resíduos da cocaína foram encontrados em 63% das amostras analisadas. A benzoilecgonina, substância utilizada como marcador para o uso de cocaína, foi uma das mais detectadas.
A concentração desses resíduos sugere um impacto humano significativo na qualidade da água, reforçando a necessidade de maior monitoramento ambiental e tratamento adequado de esgoto.
Como os Contaminantes Chegaram à Lagoa?
Apesar de a pesquisa não ter focado diretamente na origem dos poluentes, os especialistas acreditam que os principais fatores sejam:
- Descarte inadequado de esgoto;
- Contaminação por embarcações;
- Resíduos liberados na urina e fezes humanas.
A Prefeitura de Florianópolis declarou que os resultados refletem os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente e prometeu avaliar os dados para tomar as providências necessárias.
Os Peixes da Lagoa São Seguros para Consumo?
De acordo com o estudo, não há indícios de risco imediato para o consumo de peixes da lagoa. No entanto, os pesquisadores recomendam um monitoramento contínuo para garantir a segurança alimentar.
Riscos Ambientais Identificados
Substâncias como diclofenaco e cafeína apresentaram riscos elevados para exposição crônica, podendo afetar algas, crustáceos e peixes. A presença contínua desses compostos pode comprometer a biodiversidade aquática e a qualidade ambiental da região.
Metodologia da Pesquisa
A pesquisa faz parte do Programa de Recuperação Ambiental da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) e contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa, Tecnologia e Inovação de SC (Fapesc). O estudo analisou amostras de água, sedimentos e peixes, em colaboração com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
Posicionamento das Autoridades
Prefeitura de Florianópolis
A Secretaria do Meio Ambiente informou que está analisando os dados e promete atuar para reduzir os impactos ambientais na região.
Casan
A Casan afirmou que os resultados da pesquisa não estão relacionados ao efluente tratado por sua estação de esgoto e atribuiu a contaminação ao crescimento populacional e ao descarte inadequado de esgoto.
Instituto do Meio Ambiente (IMA)
O IMA segue critérios do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para monitoramento da qualidade da água e ressaltou que as análises têm foco na segurança sanitária para banhistas.
Conclusão
A contaminação da Lagoa da Conceição reforça a necessidade de investimentos em saneamento básico, monitoramento ambiental e conscientização da população. O estudo destaca os riscos dos contaminantes emergentes e alerta para possíveis impactos ecológicos na região.
O monitoramento contínuo e a ação conjunta das autoridades são essenciais para garantir a preservação da Lagoa da Conceição, um dos principais patrimônios naturais e turísticos de Florianópolis.