A Dívida Pública Federal (DPF) atingiu um patamar alarmante em 2024, ultrapassando R$ 7,3 trilhões, um aumento de 12,2% em relação a 2023. Esse crescimento descontrolado ocorre em meio a juros elevados, agravando ainda mais a situação econômica do país e comprometendo o futuro das finanças públicas.
Endividamento explosivo e juros elevados
Somente em dezembro, a DPF cresceu 1,55% em relação a novembro, saltando de R$ 7,204 trilhões para R$ 7,316 trilhões. Esse endividamento recorde pressiona ainda mais a economia, já que o governo precisará pagar juros cada vez mais altos para refinanciar sua dívida.
A Dívida Pública Mobiliária Interna (DPMFi) também registrou um crescimento expressivo de 11,13%, atingindo R$ 6,967 trilhões. A maior parte dessa alta se deve à correção dos títulos pela Taxa Selic, que permaneceu em 12,25% ao ano, elevando os custos da dívida.
Dívida externa em alta: impacto do dólar
A Dívida Pública Federal externa (DPFe) disparou 38,87%, chegando a R$ 349,19 bilhões, impulsionada pela forte valorização do dólar, que subiu 27,3% no ano passado. A instabilidade cambial, influenciada por incertezas econômicas e políticas, piorou o cenário e elevou os custos da dívida em moeda estrangeira.
Colchão financeiro encolhe, risco de calote aumenta
Outro dado preocupante é a redução do colchão financeiro do governo, reserva utilizada para honrar compromissos em momentos de crise. Em 2024, essa reserva despencou de R$ 982,37 bilhões para apenas R$ 860,15 bilhões, o menor nível desde 2016. Com vencimentos de R$ 1,25 trilhão previstos nos próximos 12 meses, o risco de crise fiscal aumenta significativamente.
Composição da dívida e pressão dos juros
O governo aumentou a emissão de títulos públicos atrelados à Selic, que passaram de 39,66% para 46,29% da dívida. Isso significa que o endividamento continuará crescendo à medida que os juros não caírem, criando um ciclo vicioso de dependência de dívida cara.
Enquanto isso, a proporção de títulos prefixados caiu para 21,99%, refletindo a desconfiança do mercado na estabilidade da economia. Já os títulos atrelados à inflação também diminuíram sua participação, o que pode ser um mau sinal para a sustentabilidade da dívida a longo prazo.
Endividamento e impacto na economia
Com o governo emitindo R$ 1,457 trilhão em novos títulos apenas em 2024 e com um mercado cada vez mais cauteloso, a preocupação com a capacidade de pagamento da dívida cresce. A instabilidade política e econômica, aliada a juros altos, torna o cenário ainda mais pessimista para os próximos anos.
Caminho para o abismo fiscal?
A crescente dívida do Brasil levanta sérias dúvidas sobre a saúde financeira do país. Com o colchão de segurança encolhendo, juros elevados e um mercado cada vez mais receoso, o risco de uma crise fiscal é uma realidade. Sem medidas urgentes para conter esse endividamento descontrolado, o Brasil pode enfrentar um futuro econômico ainda mais sombrio.