No primeiro dia de seu governo, em 20 de janeiro, Donald Trump assinou uma ordem executiva controversa que retira o direito à cidadania americana de bebês nascidos nos Estados Unidos, filhos de imigrantes indocumentados. A decisão gerou grande preocupação entre comunidades imigrantes, como a brasileira Alice*, que vive no país há mais de uma década.
A medida foi rapidamente contestada judicialmente, e uma decisão preliminar emitida em 23 de janeiro bloqueou temporariamente a ordem (detalhes abaixo). Ainda assim, o clima de apreensão é evidente, especialmente entre famílias imigrantes que planejam o futuro de seus filhos nos Estados Unidos.
Promessas de Campanha e Impacto nos Imigrantes
A ordem executiva de Trump não foi uma surpresa para muitos. Durante a campanha, o presidente adotou um discurso linha-dura contra os imigrantes, defendendo deportações em massa e medidas mais rígidas na fronteira. Para pessoas como Alice, que deixou o Mato Grosso há quase 11 anos e atravessou o Rio Grande em busca de uma vida melhor, essas políticas trazem incerteza e tensão.
Alice vive na região de Boston, Massachusetts, com o marido e a filha de 9 anos, que possui dupla cidadania brasileira e americana. Apesar das dificuldades enfrentadas nos primeiros anos, o casal conseguiu prosperar. Alice coordena uma equipe de limpeza doméstica, e o marido é proprietário de uma construtora. Juntos, têm uma renda familiar de cerca de US$ 20 mil mensais (aproximadamente R$ 120 mil) e possuem casa própria e terrenos nos Estados Unidos.
A Nova Gestação e o Medo do Futuro
Agora grávida do segundo filho, Alice vive um misto de alegria e preocupação. Com a ordem executiva, sua nova bebê não teria direito à cidadania americana ao nascer, situação que ela considera injusta. “Não é justo que eu tenha uma filha cidadã americana e outra que seria considerada imigrante ilegal. Isso vai contra os direitos das pessoas e acredito que será revertido”, afirma.
Alice já consultou advogados e está disposta a processar o governo americano, caso sua filha nasça sem o direito à cidadania. Ela explica que, apesar de estar em situação irregular, paga impostos e segue todas as leis possíveis, enquanto aguarda uma oportunidade de se regularizar.
Oposição à Ordem Executiva
Especialistas afirmam que a ordem executiva pode ser considerada ilegal, já que a 14ª Emenda da Constituição dos EUA garante o direito à cidadania a todas as pessoas nascidas em território americano. Além disso, imigrantes indocumentados têm direito ao devido processo legal e podem recorrer à Justiça em casos de prejuízo.
Alice acredita que as ações de Trump refletem ódio e preconceito contra imigrantes. “Apenas alguém com muito ódio faria algo assim. Mas não vou desistir. Vou lutar pelos direitos da minha filha até o fim”, declara. Apesar da tensão, ela mantém a fé e a esperança de um futuro melhor para sua família.