Onze meses após o início da força-tarefa do governo federal, garimpeiros ilegais retomam a exploração da Terra Indígena Yanomami em Roraima, a maior reserva indígena do Brasil. Aviões de garimpeiros desafiam o espaço aéreo fechado e monitorado pelas Forças Armadas, que protegem uma área habitada por 30 mil indígenas. O território, equivalente ao tamanho de Portugal, só permite voos com autorização federal.
Recentemente, durante operações do Ibama, um avião de garimpeiros tentou fugir de fiscais, culminando em uma perseguição aérea. Além disso, um avião caiu na reserva devido a problemas técnicos, resultando na fuga dos infratores. O Ibama identificou garimpos desativados retomando atividades e enfrentou dificuldades logísticas devido ao fechamento de um ponto de apoio das Forças Armadas.
Apesar da força-tarefa iniciada em janeiro para expulsar os 20 mil garimpeiros, a presença ilegal aumentou nos últimos quatro meses, conforme apontado pelo Ibama. Ações fiscalizatórias reduziram após maio, permitindo o retorno das atividades ilegais, especialmente com o suporte logístico aéreo. As aeronaves clandestinas dificultam as ações de combate ao garimpo ilegal.
A volta dos garimpeiros coincide com uma piora na saúde dos yanomamis, que enfrentam malária e desnutrição. Dados do Ministério da Saúde de janeiro a outubro de 2023 registram 215 mortes yanomamis, sendo 90 por causas infecciosas, como pneumonia e malária. A desativação de hospitais de campanha em maio agravou a situação, e relatos indicam a volta de problemas antigos, como falta de atendimento e superlotação.
O líder Yanomami Dario Kopenawa denunciou a falta de infraestrutura e a necessidade de abastecimento e profissionais nos postos de saúde da Terra Yanomami. Ele destacou a precariedade no tratamento de doenças como malária, desnutrição, diarreia e verminoses. O Palácio do Planalto afirmou que a Força Nacional de Segurança Pública intensificou as atividades na Terra Yanomami, e o Ministério da Saúde enviou agentes com medicamentos e testes rápidos para combater a malária.